Dia 7 de novembro (segunda-feira)
3h45 – horário de Brasilia
Paramos para pernoitar em Ibaiti, cidade com 30 mil habitantes, localizada no norte do Paraná. A notícia da chegada de um ônibus da UFPA foi rapidamente espalhada entre os habitantes. “Tem um ônibus cheio de mulheres do Pará”. Todos sabiam da nossa presença. Isso me fez refletir sobra o tédio e a imobilidade de algumas cidades interioranas e em como nossa mobilidade forasteira de viajantes se contrastava com o lugar.
Iniciamos contato com os atendentes Ricardo e Gesinho do Posto Transbrasiliana, localizado no bairro central de Gralha Azul, que nos contaram sobre a pacata cidade. Mais próxima a São Paulo que a Curitiba. Essa distância da capital do estado parece ter feito com que a população, fisicamente ligada a outro lugar, estivesse passando por uma crise identitária ao ter como referencial uma outra cultura.
Ricardo nos contou sobre Ibaiti. A base econômica é o café e a pecuária que está perdendo espaço para a soja. Tem como ponto turístico algumas cachoeiras próximas que os dois nunca visitaram, ou qualquer outro local próximo na verdade, nunca saíram daquele lugar. Tão pequeno que Gesinho nos mostrou tudo em um passeio a pé de aproximadamente 1h.
Pensei no caminho que tínhamos percorrido e no que ainda tinha para recorrer, em nossa missão e destino que era atravessar o país. Fiquei comovida com aqueles dois rapazes. Gesinho tinha apenas 19 anos, um menino. Não tinha sonhos para melhorar de vida, estudou até a sétima série e no momento tinha dois empregos. Seu entusiasmo com nossa presença foi genuíno e ingênuo e todos tivemos por ele um grande carinho.
A cidade tem uma qualidade de vida aparentemente boa, mas o comodismo da vida das pessoas me deixou meio angustiada. Como nós que estávamos naquele lugar por apenas algumas horas poderíamos terminar sendo o centro das atenções das pessoas da cidade que estavam acordadas naquela madrugada de segunda-feira?
Uma vida cheia de rotinas, alienada e sem vida, consumindo pessoas por meio de costumes e com poucos desejos e expectativas de mudar alguma coisa. Tornando o insuportável em aceitável, dando voltas em torno do nada. Num mundo que vive evoluções constantes e frenéticas, pensei sno quanto não podemos deixar nossa vida passar sem que realmente façamos uma mudança nela e no mundo, em como oportunidades são igual a presentes, mesmo não sendo o que esperávamos devemos aceitar e agradecer. Tudo a nossa volta está em mutação e nossa vida deve acompanhar essa dinâmica. Podemos fazer escolhas, podemos decidir quem queremos ser e o que podemos fazer para deixar nossa marca.
Lorena Claudino
Com certeza Ibaiti-Pr vai deixar muitas lembranças agradaveis!!...
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